sábado, outubro 28, 2006

Maria Antonieta (2006)


Título Original: Marie Antoinette
Realização: Sofia Coppola
Argumento: Sofia Coppola
Género: Biografia
Intérpretes: Kirsten Dunst; Jason Schwartzman

Crítica:

As primeiras cenas de Marie Antoinette funcionam como um presságio para tudo o que se segue.

Chegada ao solo francês como menina inocente, é de imediato despojada de tudo o que é Austriaco e transformada numa mulher que só veste o que é produzido em França. Segue-se o casamento e é nesta cena que o presságio se torna mais evidente (a forma como Maria Antonieta assina o seu nome, finalizando com um borrão).

Maria Antonieta é ouvida e estimada pelos franceses até lhes dar o que tanto querem, um rapaz!

Sofia Coppola apresenta uma filmagem estática, que supostamente deveria criar a ilusão do espectador ser mais um membro da corte Francesa. Se esta foi a intenção da realizadora, é caso para dizer que fracassou redondamente!

A forma como a filmagem é feita satura o espectador, não cria emoção e o espectador acaba por não entrar dentro da trama. Sofia limita-se a filmar e acaba por não criar um filme.

Os planos são estáticos e frontais. Muitas vezes semelhantes aos que vemos em programas televisivos de baixa categoria.

A montagem está mal feita. Os cortes são notáveis e desnecessários (regra: apenas fazer corte quando há uma mudança na filmagem, a partir de 30 graus - tal não aconteceu!).

A sequência de planos tanto podia ser aquela, como outra qualquer! A trama é rápida, mas o filme é enfadonho. É caso para dizer que Sofia usa duas horas para mostrar algo que deveria levar no máximo 30 minutos.

A banda sonora não é adequada ao género, mas neste aspecto vamos aceitar a escolha como sinal de irreverência e originalidade por parte da realizadora.

Inglês ou Francês? Em que ficamos?! Toda a corte fala em inglês, exceptuando frases mais conhecidas e banais, as quais bem poderão ter sido tiradas de um guia de conversação de francês.

A inocente-» a outsider-» a show off-» o chillout mood-» a mulher diabo-» o regresso à mulher dos folhos -» a protectora da familia; é esta a "evolução" de Marie Antoinette na obra de Coppola.

Se Maria Antonieta vivesse na Nova Iorque do século XXI vestiria DKNY, Dolce Gabbana e Prada. Calçaria apenas Manolo Blanick. Beberia capuccinos no Dean and Deluca, seria seguidora do Sexo e a Cidade e vaguearia pela internet à procura de alguém que lhe desse atenção.

Se vivesse em Paris (ainda século XXI) manter-se-ia fiel ao Chanel, usaria Louis Vuitton e o croissant faria obrigatoriamente parte da sua dieta.

Se vivesse em Londres (século XXI) estaria novamente sujeita aos protocolos, se bem que numa monarquia bem mais propícia aos escândalos, onde se enquadraria de certa forma. Seria então o documento vivo da "Louca por Compras" (livro de Sophie Kinsella).

O Choque: os Converse azuis que integram a colecção de sapatos de Marie Antoinette.


Terá a Maria Antonieta (de Coppola) sentimentos? Terá verdadeiramente sentido as perdas que inundaram a sua existência? Onde está o drama?

É vergonhoso ver Sofia Coppola a filmar assim! Depois de obras como Virgens Suicidas e Lost in Translation, Sofia acaba por perder todos os seus créditos tal como os Franceses perderam o seu dinheiro para as exigências da Corte. Nem a faustosidade de Versalhes, Coppola foi capaz de verdadeiramente captar.

Ao longo da pelicula existem quatro muito breves menções ao que acontece na França, em termos sociais e politicos.

Se está interessado em saber a vida de Maria Antonieta e é suficientemente preguiçoso para ler textos sobre a matéria, o filme de Sofia Coppola não é uma solução para as suas ânsias.


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