quarta-feira, junho 27, 2007

Paris, je t'aime (2006)




Paris, je t’aime é um conjunto de 18 curtas-metragens escritas e realizadas por grandes nomes na área da realização. No fundo são 18 romances de bairro, bem realizados e interpretados. Cada curta-metragem vale por si só. No entanto, a curta duração imposta a cada curta-metragem faz com que muitas fiquem incompletas.

Destaques: Montmatre, Quais de Seine, Loin du 16ème, Bastille, Place des Victoires, Tour Eiffel, Place des Fêtes, Père Lachaise, Faubourg Saint Denis, Quartier Latin.

Breve análise de cada curta-metragem:

Montmatre – Realização e argumento: Bruno Podalydès

O drama do estacionamento em Paris. As mulheres que já não estão disponíveis para amar. Um monólogo que vai das coisas mais simples às mais profundas, sem nunca se tornar entediante. Boa iluminação e fotografia.

Quais de Seine – Realização e Argumento:
Gurinder Chadha


O impacto do primeiro olhar. A paixão não escolhe credos ou nacionalidades.

Le Marais – Realização e Argumento: Gus Van Sant


A língua é uma barreira que pode ser superada. O amor não escolhe sexos e por vezes o primeiro olhar tem um sentido bem mais profundo, que um mero olhar.

Tuileries – Realização e Argumento: Joel e Ethan Coen



Ao visitar uma cidade que não conhece (sobretudo se viaja para o estrangeiro) a tendência é comprar um guia de viagem. Um pequeno livro com explicações históricas, mapas, sugestões e glossário.
Pois bem, nesta curta-metragem o turista encontra-se no metropolitano das Tuileries. Abre o guia e tenta encontrar algo que corresponda à descrição que o livro faz.
À volta de um huge misunderstanding surge a paixão e o ciúme. Um acaso do momento. Já agora, haverá algum código de conduta para quando utiliza o Metro?

Loin du 16ème – Realização e Argumento: Walter Salles e Daniela Thomas



O amor de uma jovem mãe emigrante pelo seu bebé. Logo pela manhã deixa-o com enorme angústia na creche. No trabalho, depara-se com uma mãe que não tem nada a ver consigo. Que abandona o seu bebé durante horas. Acaba, ainda, por prolongar o horário de trabalho da jovem mãe. A saudade aperta ainda mais. A falta preenche a alma. A filmagem em movimento transporta-nos para o local. Assistimos e vivemos a situação.

Porte de Choisy – Realização e Argumento: Christopher Doyle



A curta-metragem mais estranha. É também onde o sentimento [amor] se encontra mais diluído. Uma dona de um cabeleireiro recebe o vendedor de produtos capilares com artes marciais. Momentos mais tarde rende-se aos seus encantos. Ou melhor, aos encantos dos seus produtos.

Bastille – Realização e Argumento: Isabel Coixet

Em narração. Je ne t’aime plus. Je t’aime. Oublie moi.
Um homem divide-se entre duas mulheres. O destino encarrega-se de lhe indicar o caminho.

Place des Victores – Realização e Argumento: Nobuhiro Suwa

O desespero de uma mãe que perde um filho. A perda é difícil de ser superada. A transcendência do sonho leva-a até ele. O sonho acaba. Volta a realidade. Boa escolha do local, tendo em conta o desenrolar da história. A curta-metragem que mais apela ao sentimento.

Tour Eiffel – Realização e Argumento: Sylvian Chomet



O quotidiano é-nos dado através de um Mimo. Excelente interpretação. Originalidade do argumento. Uma história de amor que começa num incidente.

Parc Monceau – Realização e Argumento: Alfonso Cuaron



Encontros escondidos. Vidas roubadas por consequência dos encontros de outros tempos. Vidas recuperadas pelos encontros dos tempos que correm. Uma curta-metragem incompleta.

Quartier des Enfants Rouges – Realização e Argumento: Olivier Assayas

Maggie Gyllenhall como nos tem habituado. Sempre com aquele estilo e naqueles ambientes (lembrem-se das suas interpretações em Finais Felizes e O Sorriso de Mona Lisa). Desta vez em francês, interpreta uma actriz Norte-Americana que se encontra a fazer a rodagem de um filme de época, na cidade de Paris. Un final desolé.

Place des Fêtes – Realização e Argumento: Oliver Schmitz
Emocionante. Bela e triste. Um homem moribundo em plena Place des Fêtes. É socorrido por Sophie uma médica recém-licenciada. Tenta ajudá-lo. Já se tinham encontrado. O final mais triste.

Pigalle – Realização e Argumento: Richard LaGravence


Porque o amor de outrora pode vir a ser o amor de amanhã. Basta agir.

Quartier de la Madeleine – Realização e Argumento: Vincenzo Natali


A história mais bizarra. A vampira que se encanta pelo voyeur mortal. Este último, acaba por ficar fascinado por ela. Ele acaba por se transformar num dos seus. Num estilo Underworld, com blood effect à la Sin City.

Pére-Lachaise – Realização e Argumento: Wes Craven

E esta hein?
O surgimento do espírito do morto (Óscar Wilde) veio salvar o espírito dos vivos.

Faubourg Saint Denis – Realização e Argumento: Tom Tykwer






Começa com um telefonema-poema de despedida. O amor não precisa de uma atracção física. Um flashback fast forward mostra-nos a história da relação. No final, o início não da curta-metragem não passou de uma rasteira. Ela é actriz a ensaiar um texto ao telefone. Ele é cego.

Quartier Latin – Realização e Argumento: Frédéric Auburtin & Gérard Depardieu



“You are full of surprises tonight”
Porque é difícil dizer o adeus official, quando há uma série de boas memórias. Funny. Surprising. Delicious.

14ème Arrondissement – Realização e Argumento: Alexander Payne


Uma turista americana visita vários sítios de Paris. Esta é a curta-metragem mais solitária. Uma simbiose de alegria e de tristeza. Porque o amor não tem necessariamente de ser dirigido a uma pessoa mas, porventura, a um lugar-comum.


quarta-feira, junho 20, 2007

The Lovebirds (2007)

Bruno de Almeida a filmar Michael Imperioli - The Lovebirds


Título Original: The Lovebirds
Realização: Bruno de Almeida
Argumento: Bruno de Almeida, John Frey
Género: Drama
Elenco: Michael Imperioli, John Ventimiglia, Drena De Niro, Joaquim de Almeida, Rogério Samora, Ana Padrão, Nick Sandow, John Frey




Seis histórias de amor com a cidade de Lisboa enquanto pano de fundo. O amor assume várias formas e é essa multiplicidade que The Lovebirds pretende tratar. Este foi um filme feito por encomenda para a abertura da 2.ª edição do Lisbon Village International Digital Cinema Festival. Um dos filmes mais aguardados do certame. A expectativa foi provocada pelo elenco composto por nomes de peso como Michael Imperioli e John Ventimiglia (série televisiva Os Sopranos).


O filme começa mal logo na abertura, com o mau enquadramento da gaivota que voa. Mau agoiro. A ausência de qualidade teima em continuar. O que é (muito) mau, para além do enquadramento inicial? A qualidade de imagem, filmagem, iluminação e até mesmo os cortes que não são naturais.


Na iluminação não há meio-termo. Predomina a ausência de iluminação. No entanto, na última cena de Michael Imperioli e Ana Padrão a iluminação surge em excesso, o que provoca um ar artificial.


O argumento pretende mostrar o amor na sua essência, ou seja, através de uma pluralidade de histórias e pessoas que não só são diferentes, como vivem este sentimento de forma diferente. Esta fórmula já havia sido bem conseguida em O Amor Acontece (Richard Curtis, 2003), contudo, em The Lovebirds tudo fica pela superficialidade. Permanece ainda a dúvida se este é um fiel retrato lisboeta.


Com um elenco de luxo The Lovebirds é a prova concreta de que bons actores não salvam filmes. Este é sem dúvida um excelente case-study de tudo o que não se deve fazer num filme, em termos técnicos.
Classificação:
0

terça-feira, junho 12, 2007

Lisbon Village Festival: o festival de cinema mais abrangente



A segunda edição do Lisbon Village Festival (LVF), o único festival de cinema digital na Europa, começou na passada quinta-feira e é composta pelas vertentes de arte, cinema e música.


O LVF estende-se a quatro espaços: o cinema São Jorge (infopoint central), o Palácio Galveias, a Fundação Portuguesa das Comunicações e o Fórum Lisboa.


O festival arrancou discretamente no passado dia 7 com a inauguração da exposição de arte de Robert De Niro Senior (pai do actor com nome homólogo). Foi esta a razão que trouxe o conhecido actor à capital, na semana passada. A exposição está disponível de terça a domingo até 8 de Julho (entrada gratuita).


As outras vertentes do Festival


O The Next Big Thing (Village Art Showcase) consiste numa exposição composta por trabalhos que as escolas de arte, têm desenvolvido projectos em torno da introdução das novas tecnologias no campo das artes plásticas. Esta exposição vai ter lugar na Fundação Portuguesa das Comunicações de 14 de Junho a 8 de Julho (de segunda a sábado).


A partir da próxima segunda-feira arranca no Cinema São Jorge o Village International D-Cinema Festival (VIDCF). A programação é composta por curtas e longas-metragens (nacionais e internacionais). Há espaço para o cinema Polaco e Japonês. É peremptório anunciar que actualmente existe apenas dois festivais de cinema digital a nível mundial. O Japão foi o pioneiro, ao que se seguiu o Lisbon Village Festival.


Quanto à programação destaque para duas obras. The Lovebirds de Bruno Almeida, um filme feito exclusivamente para o VIDCF, é o responsável pela abertura do certame. O elenco conta com actores Portugueses e Norte-Americanos, destaque para Michael Imperioli e John Ventimiglia (Sopranos), Drena De Niro, Nick Sandow e John Frey. Estes actores, assim como o realizador, vão estar presentes na sessão de abertura dia 18, às 21h30, no São Jorge. A segunda obra a receber principal destaque é I could never be your woman, o mais recente trabalho da actriz Michelle Pfieifer, realizado pela Amy Heckerling (realizadora e argumentista da série As Meninas de Beverly Hills, já transmitida pela Sic Radical) uma cortesia da Lusomundo e vai ter a sua ante-estreia nacional dentro do certame. Paralelamente ao VIDCF vai decorrer no mesmo espaço o Village Lounge, um espaço com DJ’s e música chillout.


Estão ainda programadas quatro Village Voices (sessões de conversas e actividades): Literatura e Cinema (dia 19), D-Cinema na História do Cinema (dia 20), o Digital nas Artes Plásticas (dia 21) e Cinema de Animação (dia 22). As Village Voices têm lugar nas datas marcadas, sempre às 18h00 na Fundação Portuguesa das Comunicações.


At last but not least o Fórum Lisboa, palco recentemente adquirido para o certame, vai exibir apenas duas sessões. A primeira vai ser uma homenagem ao actor Robert De Niro com o filme Novecento (dia 20 às 18h15). A segunda exibição (dia 21 às 21h45) é alusiva à história do cinema e será composta por duas obras: The Great Train Robbery e Lisboa Crónica Anedótica.

Mostra o teu génio


O LVF oferece aos estudantes a oportunidade de terem as suas curtas-metragens exibidas em sala. O autor da melhor obra será premiado com uma câmara de vídeo HDV da Sony e a sua curta será incluída na edição em DVD dos vencedores do VIDCF 2007. As inscrições devem ser feitas no cinema São Jorge até dia 22.

terça-feira, junho 05, 2007

O Tempo que Resta (2005)



Título Original: Le Temps qui reste
Realizador: François Ozon
Argumento: François Ozon
Género: Drama
Elenco: Melvil Poupaud; Jeanne Moreau, Valeria Bruni-Tedeschi

“O que faria com o tempo que lhe resta?”


Romain, tem 30 anos, é um fotógrafo bem sucedido. Começa a sentir-se doente. Uma vez que é homossexual teme ter contraído o vírus da sida. Na verdade tem um cancro. O estado é avançado e já surgiram metástases. O alerta veio tarde demais. É jovem, mas tem apenas 5% de hipóteses para vencer a doença. Resta-lhe, assim, pouco tempo de vida.


Habituado a uma vida de excessos, que lhe permitia ser arrogante, Romain acaba por sofrer uma metamorfose nos últimos tempos de vida. Esta mudança no protagonista já era de previsível. No entanto, este cliché (modelo de narrativa) resulta na perfeição.


Este drama não incidia sobre temas fáceis. Havia sérios riscos desta película ser um produto final enfadonho e suportado por clichés. Ao recorrer a cenas de curta duração o realizador torna este drama numa narrativa fluida e agradável.


Bem conseguido em termos de diálogo, iluminação, filmagem e fotografia. Um filme sobre a vida e o caminho para a morte. Uma mensagem de esperança.


Classificação:

5*