sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Revolutionary Road




Os revolucionários da rua?

Sam Mendes habituou-nos à sua irreverência e à forma revolucionária de fazer cinema. Acredito que por mais filmes que faça, nenhum irá igualar ou superar a magnitude de Beleza Americana (1999). A história em que um casal em decadência (Annete Bening e Kevin Spacey), em plena crise de meia-idade e com uma filha adolescente.

Sim, estou a falar do filme em que Mena Suvari aparece deitada numa cama enquanto as pétalas de rosa vermelhas caem e lhe cobrem o corpo desnudo. Uma imagem tentadora, fruto do desejo da personagem interpretada por Spacey.

A película valeu-lhe 5 óscares da Academia, entre eles o de melhor realizador.

Seguiu-se com O Caminho para a Perdição (2002), na companhia de outro luso-descendente (Tom Hanks). Conseguiu um Óscar, o de melhor Cinematografia. 

Máquina Zero (2005) surge no período em a morte de soldados norte-americanos, no Iraque, faz manchete nos media. O número engrossa diariamente. Mendes é feroz na crítica que faz à vida dos soldados de guerra. O retrato do homem imbecil que foi para a guerra não por crença pessoal (servir a Nação), mas porque precisava de se ocupar com qualquer coisa. O soldado inculto e de lento raciocínio. 

Revolutionary Road fica longe da esfera mediática, porém volta a tocar nas feridas pessoais de muito boa gente. Kate Winslet (esposa de Sam Mendes) e Leonardo DiCaprio, o casal de Titanic (James Cameron), regressam ao grande ecrã para mostrar um casal com sonhos foram vencidos e um amor que se desmoronou. O trabalho que ele nunca quis ter, o sonho da vida dela que se desmorona, a casa perfeita nos subúrbios que nunca quiseram, o filho que nasceu sem ser planeado e um segundo filho concebido para provar (a quem? aos outros?) que o primeiro não tinha sido um erro.

Um filme que nos transporta para a década de 1950. Altura em que Paris representava a actual Nova-Iorque, uma cidade das oportunidades. A cidade dos sonhadores. A promessa de que ali, tudo, seria completamente diferente. O estigma de que ali tudo vale apena.

Kate e Leonardo dão vida aos Wheeler's. O jovem casal que veio mudar a Revolutionary Road (morada onde residem). Admirados por todos, fazem passar a imagem do casal jovem, revolucionário e feliz. Sufocados pelas características do local e com vista à resolução dos problemas que afectam o casamento, os Wheeler's tentam uma mudança de 180º graus na sua vida. 

Conseguirão salvar o casamento tido como perfeito?

Independentemente da excelência que esta fita consegue com o argumento (adaptação da obra homónima de Richard Yates) e o domínio técnico, Revolutionary Road assume um papel determinante na carreira dos dois protagonistas. Prova exímia de que Kate Winslet é uma grande actriz. A sua personagem vai da jovem ambiciosa à mulher destrossada, passando pela dona de casa perfeita que pouco depois se farta de brincar às casinhas. Consiste, também, na entrada de DiCaprio numa nova liga de papéis - o homem e pai de família. Momentos enternecedores que provam que o menino tornado homem, sabe ser muito mais que um galã.

Sem dúvida um dos grandes filmes de 2009.

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