quarta-feira, outubro 08, 2008

A Múmia: O Túmulo do Imperador Dragão (2008)



Título Original: 

The Mummy: 

Tomb of the Dragon Emperor

Realização: 

Rob Cohen

Género: Aventura


Elenco: 

Brendan Fraser 

Jet Li

Maria Bello

John Hannah 



Cuidado… o exército terracota vem aí!

 

“A Múmia” (1999) foi um inesperado sucesso de bilheteira. O tema ainda não estava devidamente explorado tendo em conta as potencialidades que a tecnologia podia proporcionar a uma história de múmias. O filme de Stephen Sommer arrecadou mais de 415 milhões de dólares a nível mundial. O segundo filme da saga, “O Regresso da Múmia” (2001), conseguiu mais de 433 milhões de dólares a nível mundial, muito devido ao sucesso inesperado do primeiro.

Um novo episódio, “O Túmulo do Imperador Dragão”, estreado a 31 de Agosto já rendeu quase 300 milhões de dólares em todo o mundo. A receita do filme deve-se à fidelização criada pelos filmes anteriores, no entanto desta vez o resultado não foi o esperado.

“O Túmulo do Imperador Dragão”, realizado por Rob Cohen (“Stealth”, “The Fast and The Furious”) resulta na degradação de um produto de sucesso. A extensão da intriga, um novo cenário e o mau argumento ditaram que o mais recente filme d’ “A Múmia” fosse um fiasco comparado com os antecessores.

A nova história desenrola-se na China contrariando os episódios anteriores, ambos passados no Egipto, zona habitualmente conotada com a existência de múmias. Há provas que ligam o legado do Imperador Han à mumificação de um casal europeu e uma criança, As Múmias de Urumchi, mas tal é tido nos registos como um caso isolado. Um facto aproveitado e distorcido pelos argumentistas do filme. Pesquisas à parte, parece-nos a todos pouco provável a existência de múmias na China e ainda mais quando se trata de um verdadeiro exército de múmias.

Outro facto histórico aproveitado pelos argumentistas é a história de Qin shi Huang Di, que implementou do conceito império na China. Huang Di foi responsável por grandes reformas sociais e económicas. O imperador foi sepultado junto a um exército de guerreiros terracota que tinha a missão de zelar por ele no além.

O Imperador Han (Jet Li) e o seu exército morrem após ser conjurada uma magia. Dois mil anos depois, Alex O’Connel (Luke Ford) filho do casal O’Connel (protagonizado por Brendan Fraser e Maria Bello) descobre o túmulo do Imperador Han, também conhecido como o Imperador Dragão. É a partir desta descoberta que a intriga se vai desenvolver.

Uma das surpresas do filme consiste na conjugação do elenco d’ “O Herói” (2002) com os veteranos d’ “A Múmia” à excepção de Rachel Weisz aqui substituída por Maria Bello (“World Trade Center” e “Coyote Bar”). Problemas com o guião fizeram com que Rachel Weisz não regressasse ao elenco. Weisz oscarizada em 2006 pelo desempenho em “O Fiel Jardineiro” (2005) seguiu um rumo diferente do restante elenco de “A Múmia”, em termos de carreira.

Stephen Sommers, realizador e argumentista dos filmes anteriores, delegou a sua função a outros profissionais por estar demasiado compenetrado, na altura, com a realização de “Van Helsing”, contudo permaneceu ligado a “O Túmulo do Imperador Dragão” enquanto produtor. Sommers tem neste momento um filme em pós-produção (“G.I. Joe: Rise of the Cobra”), dois em pré-produção (“When Worlds Collide” e “Airborn”) e um outro anunciado (“Magic Kingdom for Sale”).

 

Uma incongruência trazida pelo filme é a presença de um exército similar ao Nazi, mas com traços asiáticos. Uma tentativa por parte dos argumentistas em aproximar “O Túmulo do Imperador Dragão” ao mais recente filme do “Indiana Jones”. As semelhanças entre os dois franchises não ficam por aqui. Ambos apresentam um novo sidekick para o aventureiro da história e o novo franchise de “A Múmia” ainda faz recurso a algumas situações utilizadas em anteriores aventuras do “Indiana Jones”.

A história faz pouco sentido, muito devido à ideia arrojada de levar a acção para a China. Posto isto, as múmias não são tradicionais (dos filmes anteriores) mas estátuas de terracota (espécie de bairro vermelho usado em cerâmica). O argumento não permite a evolução de personagens nem o estabelecimento de uma ligação entre vários acontecimentos. Apesar de ter sido escrito por dois argumentistas de créditos firmados (“Smallville” e “O Homem-Aranha 2”) o encanto que marcou os filmes anteriores não está presente neste. “O Túmulo do Imperador Dragão” tem efeitos especiais a mais (muitas vezes desnecessários), história a menos e um humor que não convence ninguém. Resumindo em “O Túmulo do Imperador Dragão” tudo é demasiado cliché. Outro dos grandes problemas deste filme é a filmagem extremamente rápida em alguns momentos, com o objectivo de criar uma impressão de acção, o que impossibilita o acompanhamento da cena ou até mesmo a transposição do espectador para a intriga.

A interpretação que Maria Bello faz de Evelyn O’Connell é um dos maiores problemas do filme, em nada se assemelha à dos filmes anteriores, não tem a mesma personalidade e apresenta-se com um teor de pin up em vez de arqueóloga.

“O Túmulo do Imperador Dragão” é o resultado de uma produção de baixo custo apesar de ser uma das grandes apostas para o verão de 2008. Este é sem sombra para dúvida um dos piores filmes do ano.


Classificação:



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