segunda-feira, outubro 06, 2008

Wall-E
















Imagine um robot desengonçado, emotivo, não de grandes dimensões, cuja tarefa é limpar o lixo que os humanos produziram na Terra. Os humanos, esses, foram levados para o espaço após o planeta azul ter ficado inabitável.

O modelo WALL·E foi a solução criada para resolver o problema. A história da mais recente criação da Disney/Pixar tem lugar setecentos anos após os humanos mudarem-se para o espaço. O cenário no planeta Terra não é o mais animador. WALL·E transforma o lixo em cubos e empilha-o. Ao longe, as pilhas de lixo assemelham-se à paisagem de Nova Iorque (até onde vai a imaginação de Andrew Stanton em conjunto com as potencialidades do cgi).

O pequeno robot é não só o último sobrevivente da sua espécie como também uma das últimas fontes de vida no planeta (não nos podemos esquecer da barata de estimação de WALL·E). É fácil o espectador identificar-se com o robot. Este cumpre diariamente um horário de trabalho e no final do dia regressa a casa com o cansaço estampado no rosto (com o olhar caído). WALL·E admira os humanos, apesar de ter sido construído para corrigir os erros destes, colecciona objectos deixados por estes, tem uma televisão e o seu bem mais precioso é um VHS do musical Hello, Dolly!

Enquanto o WALL·E limpa a Terra, os humanos divertem-se numa espécie de resort espacial. A vida sem preocupações no espaço tornou-os ociosos (são permanentemente transportados numa espécie de espreguiçadeira, esqueceram-se de como usar os membros inferiores e alimentam-se à base de fast food), frios e superficiais.

A película ganha uma nova vida com o surgimento da sonda EVE. Inicialmente a sua relação com WALL·E não é amistosa. Contudo, são os momentos entre os dois protagonistas que fazem de WALL·E um filme encantador para qualquer idade.

Apesar de o marketing criado em torno deste filme estar direccionado para as crianças (peluches, livros de histórias e de colorir, material escolar, entre outros) no que concerne à história WALL·E é um filme para os mais crescidos. Trata-se de um alerta ao nosso estilo de vida e à saúde ambiental. Sejamos francos, elementos deste tipo são complexos aos olhos de uma criança. Resultado? É frequente ouvir imensas perguntas, ao longo da película, nas sessões que têm crianças na plateia. Não só a mensagem é-lhes direccionada como os protagonistas do filme não falam.

Posto isto, WALL·E foi claramente uma aposta de risco por parte da Pixar. A história é diferente, não há diálogos e o target não é o habitual. O risco corrido pela Pixar e a lufada de ar fresco que este filme representa nos filmes de animação fez com que WALL·E fosse o filme mais visto em Portugal no mês de Agosto (quase 179 mil espectadores). Tudo porque os gestos valem mais que mil palavras. 


Classificação:


Um comentário:

David Santos disse...

melhor filme de animação de sempre.